O número de órgãos disponíveis para transplante poderia aumentar significativamente se fossem colhidos logo após a paragem cardiorrespiratória, uma possibilidade que aguarda a definição do conceito de morte pela Ordem dos Médicos.
A Autoridade para os Serviços de Sangue e da Transplantação (ASST) considera que, se Portugal organizar «um protocolo detalhado, rigoroso, e apoiado, como o que funciona em Madrid, poderão ser recuperados destes dadores com coração parado (em que a paragem cardíaca é recente) rins, fígados, pulmões e pâncreas em excelentes condições para poderem ser transplantados».
A coordenadora nacional das unidades de Colheita de Órgãos, Tecidos e Células para Transplantação da ASST, Maria João Aguiar, considera que esta falta de definição por parte da Ordem dos Médicos, fundamental para a medida avançar, «está a privar os doentes de um pool de órgãos que já é utilizado em outros países europeus».
«Faz-me muita confusão existir uma possibilidade de aumentar o número de órgãos para doação e não a aproveitarmos», disse à Lusa.
Um estudo realizado pela equipa da Viatura Médica de Emergência Médica e Reanimação (VMER) do Hospital de São Francisco Xavier concluiu que cerca de 25,4 por cento do total de doentes em paragens cardiorrespiratórias (PCR) decorridas nos anos 2003 a 2008 e assistidas por este meio de socorro «seriam potencialmente dadores de coração parado».
«Torna-se necessário implementar protocolos específicos para este tipo de colheitas de modo a viabilizar um programa futuro de dadores de coração parado em Portugal», concluem os autores do estudo, entre os quais Nuno Catorze, actualmente a dirigir a Unidade de Cuidados Intensivos do Centro Hospitalar Médio Tejo (Abrantes, Tomar e Torres Novas).
Em declarações à Lusa, Nuno Catorze reconhece que «há potencial em alguns doentes com PCR, desde que com algumas condições, de aumentarem substancialmente o número de órgãos para transplante e órgãos de muito boa qualidade».
«Desde que seja assegurado o suporte circulatório dos outros órgãos - através de manobras de suporte avançado de vida - até à chegada a um hospital central, onde farão depois os procedimentos cirúrgicos extremamente simples, estes órgãos são passíveis de se manterem em boas condições», explicou.
O especialista considera que têm de estar operacionalizadas várias forças, como o INEM, polícia e bombeiros, e mobilizados «todos os cidadãos para que se apercebam de que todos são potencialmente dadores e receptores».
Mas antes disso falta definir o conceito de morte para colheita de órgãos, já que actualmente esta só é feita em dadores com morte cerebral.
Nuno Catorze lembrou que existem dois tipos de coração parado: os que, por motivo de doença, já são esperados e os inesperados, quando a PCR se dá num local público, por exemplo.
Questionado pela Lusa, o bastonário da Ordem dos Médicos disse que esta questão está na ordem de trabalhos. Sem avançar prazos, José Manuel Silva limitou-se a afirmar que espera que a discussão comece dentro de um mês, sublinhando que no organismo «há muita matéria por resolver».
Dados da ASST indicam que, em 2009, o número de dadores cadáver atingiu um valor recorde: 329 dadores, ou seja, 31 dadores por milhão de habitantes.
Fonte:Lusa/Sol
A Autoridade para os Serviços de Sangue e da Transplantação (ASST) considera que, se Portugal organizar «um protocolo detalhado, rigoroso, e apoiado, como o que funciona em Madrid, poderão ser recuperados destes dadores com coração parado (em que a paragem cardíaca é recente) rins, fígados, pulmões e pâncreas em excelentes condições para poderem ser transplantados».
A coordenadora nacional das unidades de Colheita de Órgãos, Tecidos e Células para Transplantação da ASST, Maria João Aguiar, considera que esta falta de definição por parte da Ordem dos Médicos, fundamental para a medida avançar, «está a privar os doentes de um pool de órgãos que já é utilizado em outros países europeus».
«Faz-me muita confusão existir uma possibilidade de aumentar o número de órgãos para doação e não a aproveitarmos», disse à Lusa.
Um estudo realizado pela equipa da Viatura Médica de Emergência Médica e Reanimação (VMER) do Hospital de São Francisco Xavier concluiu que cerca de 25,4 por cento do total de doentes em paragens cardiorrespiratórias (PCR) decorridas nos anos 2003 a 2008 e assistidas por este meio de socorro «seriam potencialmente dadores de coração parado».
«Torna-se necessário implementar protocolos específicos para este tipo de colheitas de modo a viabilizar um programa futuro de dadores de coração parado em Portugal», concluem os autores do estudo, entre os quais Nuno Catorze, actualmente a dirigir a Unidade de Cuidados Intensivos do Centro Hospitalar Médio Tejo (Abrantes, Tomar e Torres Novas).
Em declarações à Lusa, Nuno Catorze reconhece que «há potencial em alguns doentes com PCR, desde que com algumas condições, de aumentarem substancialmente o número de órgãos para transplante e órgãos de muito boa qualidade».
«Desde que seja assegurado o suporte circulatório dos outros órgãos - através de manobras de suporte avançado de vida - até à chegada a um hospital central, onde farão depois os procedimentos cirúrgicos extremamente simples, estes órgãos são passíveis de se manterem em boas condições», explicou.
O especialista considera que têm de estar operacionalizadas várias forças, como o INEM, polícia e bombeiros, e mobilizados «todos os cidadãos para que se apercebam de que todos são potencialmente dadores e receptores».
Mas antes disso falta definir o conceito de morte para colheita de órgãos, já que actualmente esta só é feita em dadores com morte cerebral.
Nuno Catorze lembrou que existem dois tipos de coração parado: os que, por motivo de doença, já são esperados e os inesperados, quando a PCR se dá num local público, por exemplo.
Questionado pela Lusa, o bastonário da Ordem dos Médicos disse que esta questão está na ordem de trabalhos. Sem avançar prazos, José Manuel Silva limitou-se a afirmar que espera que a discussão comece dentro de um mês, sublinhando que no organismo «há muita matéria por resolver».
Dados da ASST indicam que, em 2009, o número de dadores cadáver atingiu um valor recorde: 329 dadores, ou seja, 31 dadores por milhão de habitantes.
Fonte:Lusa/Sol
Sem comentários:
Enviar um comentário