terça-feira, 24 de agosto de 2010

Resumo: Choque em cadeia cria "cenário de guerra" na A25 e faz seis mortos

A A25 junto a Talhadas, Aveiro, ficou ontem transformada, por dois choques em cadeia, num severo cenário de destruição com o ferro retorcido de dezenas de automóveis. Os acidentes, em ambos os sentidos, fizeram seis mortos e 72 feridos, 23 dos quais graves.


Passavam poucos minutos das 15h00 quando se verificaram os primeiros choques que acabaram por envolver 56 viaturas no total, cerca de 30 no sentido Aveiro-Viseu e mais de 20 no sentido Viseu-Aveiro. "Estamos num cenário de catástrofe, num acidente muito difícil", disse o comandante da Protecção Civil local, António Machado.

"De repetente o nevoeiro abateu-se sobre a estrada e não conseguia ver nada. Abrandei porque me pareceu ver fogo e ouvia à minha frente muitos carros a baterem uns nos outros e a desfazerem-se", relatou ao i João Santos, de 55 anos, que vinha de Oliveira de Azeméis com a mulher. Maria de Lurdes Paiva, uma das vítimas do acidente, que vinha de Oliveira de Azeméis e ia para Viseu, afirmou que o grave acidente se deu devido a um "nevoeiro muito cerrado". A vítima, que seguia no seu carro com o marido, comparou o local a um "cenário de guerra", com "muitos rebentamentos" e "carros a arder". Maria de Lurdes conta ainda que "aquilo foi um fenómeno esquisito e, de repente, o nevoeiro ficou tão cerrado que não se via nada e só vi muitos carros a bater".
Os dois eram os poucos sobreviventes que ainda estavam em condições de saúde para observarem o desenrolar da operação de socorro, que contou com 164 bombeiros, 21 elementos do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) e 54 viaturas de socorro.

O INEM accionou três helicópteros, que contudo tiveram de ficar numa base próxima de apoio aos meios aéreos de combate a incêndios florestais devido à densidade do nevoeiro. Segundo soube o i, todos os hospitais da zona Norte e de Lisboa, com cuidados intensivos para queimados, foram colocadas em alerta.
Entre os seis mortos, conta-se uma criança de cerca de 10 anos, que viajava com uma mulher. A criança terá tido morte imediata. De acordo com fonte da GNR, o automóvel em que seguia era movido a GPL, o que, logo no local, levantou fortes suspeitas de ter sido o foco de incêndio. A GNR remete as causas para a investigação.


Mais de uma dezena de viaturas, incluindo camiões, arderam logo a seguir aos violentos embates. O Hospital de Aveiro foi a unidade que recebeu mais feridos. Entre o ferro retorcido, um casal de espanhóis protegia os dois filhos menores. O homem estava incrédulo perante o cenário, questionado pelos vários jornalistas preferiu não prestar declarações.


Ao que tudo indica, o acidente terá sido provocado pelas difíceis condições atmosféricas. Durante várias horas o denso nevoeiro não deixava vislumbrar nada na A25 e a chuva caia torrencialmente. "O acidente terá sido consequência das condições climáticas", confirmou o Major Nelson Couto do Comando Territorial da Guarda. O responsável fez questão de sublinhar que o destacamento de trânsito de Aveiro iniciou de imediato uma investigação para averiguar as causas do acidente.

Na outra direcção, um acidente ocorreu minutos a seguir, mas a GNR diz que as situações não estão relacionadas. Nesse sentido, morreram duas pessoas, uma delas uma mulher, atropelada logo depois de ter saído do automóvel.


Com Nuno Sobrosa Martins
Exclusivo i/Semanário Grande Porto
Fotos: Internet vários jornais


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