A participação do Laboratório de Estudos sobre Incêndios Florestais, situado na Lousã, em atividades formativas de bombeiros "tem diminuído significativamente" nos últimos anos devido à falta de verbas, disse hoje o diretor da instituição à agência Lusa.
Domingos Xavier Viegas revelou que as visitas de caráter formativo, efetuadas ao Laboratório por corporações de todo o país, têm vindo a decrescer devido ao corte dos apoios que a Autoridade Nacional de Proteção Civil disponibilizava para o efeito.
Por outro lado, ainda "por falta de verbas", os investigadores do Laboratório de Estudos sobre Incêndios Florestais da Universidade de Coimbra (UC) também têm deixado de integrar os programas de formação da Escola Nacional de Bombeiros (ENB), que dispõe de um polo também na Lousã, na zona do aeródromo da Chã do Freixo, onde são instalados há décadas, nesta época do ano, meios aéreos e terrestres de combate a fogos florestais.
Em 2009, por exemplo, a equipa científica dirigida por Xavier Viegas participou em 17 ações a convite da ENB, número que baixou para apenas nove, em 2010 e 2011, não lhe tendo cabido, este ano, qualquer atividade formativa daquela escola.
Uma das áreas de intervenção do Laboratório da Associação para o Desenvolvimento da Aerodinâmica Industrial (ADAI), dirigido pelo professor universitário, é o estudo do comportamento do fogo, com vista a "sensibilizar os bombeiros para o tema da sua própria segurança" no terreno.
No início de março, durante uma visita às instalações da ADAI na Lousã, o ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, defendeu incentivos à "aplicação efetiva" da investigação produzida no Laboratório de Estudos sobre Incêndios Florestais.
Na ocasião, Xavier Viegas lamentou que "muitos dos sistemas e protótipos" produzidos pela sua equipa "deixem de ser usados e caiam no esquecimento, por falta de organização adequada", o que constitui um desperdício do trabalho desenvolvido ao longo de vários anos.
Disse ainda que as visitas de caráter formativo, efetuadas pelas corporações de bombeiros, diminuíram significativamente nos últimos anos, devido ao corte dos apoios que a Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC).
Miguel Macedo manifestou o empenho do Governo para, "na medida do possível, inverter essa situação em colaboração com entidades públicas e privadas", designadamente "entre a Agricultura, a Proteção Civil e todas as entidades" que atuam nesta área.
"Não houve alteração nenhuma nestes meses", declarou hoje Xavier Viegas à Lusa.
Após a visita do ministro, em 06 de março, este responsável escreveu uma carta ao presidente da ANPC, general Arnaldo Cruz, solicitando uma audiência, que nunca chegou a ser marcada.
No passado, com apoio da ANPC, o Laboratório da Lousã chegou a acolher uma média de 20 visitas formativas por ano, totalizando entre 600 a 800 bombeiros envolvidos, o que tem vindo a decrescer nos últimos anos.
"Agora, dizemos às corporações que terão de pagar 500 euros por visita", referiu Xavier Viegas.
Este ano, os investigadores da ADAI acolheram apenas três destas visitas.
Fonte: DN
Sem comentários:
Enviar um comentário