Leve, ergonómico, com materiais inéditos e sensores electrónicos de calor. É assim que vai ser o fato de protecção de bombeiros que uma equipa de engenheiros portugueses irá desenvolver durante o próximo ano. O projecto será financiado pela Unilever Jerónimo Martins e pelo Centro Tecnológico das Indústrias Têxtil e do Vestuário de Portugal (CITEVE), e deverá custar mais de 100 mil euros. O projecto envolve um consórcio de três empresas, para o qual está escolhida apenas uma, a Actijob, e o objectivo é conseguir um fato pioneiro de alta tecnologia, que possa ser exportado para os mercados europeus. "Em Portugal não há grande investimento na investigação e desenvolvimento da segurança dos bombeiros", sublinhou Duarte Caldeira, presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, durante a entrega simbólica dos primeiros 20 fatos totalmente nacionais a quatro corporações de bombeiros. Estes fatos foram encomendados pela Unilever Jerónimo Martins, como parte do seu programa de responsabilidade social, e são a base sobre a qual os engenheiros do CITEVE vão trabalhar para desenvolver o "fato 2.0". O plano prevê que tudo esteja pronto para entrar em produção em Julho de 2010, com perspectivas de internacionalização em 2011. Mas qual é o problema dos fatos utilizados hoje pelos bombeiros portugueses? São importados, caros e pesados, segundo explicou ao i André Teodoro, da corporação de Abrantes. "Com o cansaço físico, o peso do fato é um problema", revela o bombeiro, adiantando que se "estragam com facilidade" e que a ideia de um "fato multifacetado" é muito bem-vinda. Dependendo do tecido, um fato destes pode custar entre 600 e 750 euros. Uma fasquia que o CITEVE não quer ultrapassar com o "fato 2.0", conforme revelou ao i Hélder Rosendo, director-geral do CITEVE. "Vamos ter uma equipa multidisciplinar, com bombeiros, engenheiros e empresas", adiantou o responsável, para quem este projecto pode ser um ponto de partida para desenvolver os têxteis técnicos em Portugal. A área representa apenas 8% do total do sector têxtil português, o que contrasta com o peso que tem noutros países (casos da Finlândia e Alemanha) onde representa 40%, segundo Paulo Vaz, director-geral da Associação Têxtil e Vestuário. Além dos materiais mais leves, que serão combinados de forma diferente, a equipa pretende testar microelectrónica, desde LED (díodo semicondutor que emite luz de baixo consumo) a ligação sem fios Bluetooth e ainda localização GPS. Aqui, o grande problema estará no tamanho e peso das baterias. Até porque o objectivo não é criar um protótipo para o futuro, mas sim um fato pronto a fabricar dentro de um ano. Apesar do papel fundamental no projecto, a Unilever Jerónimo Martins não ficará com qualquer direito sobre a propriedade intelectual resultante da investigação. Luís Mesquita Dias, presidente da empresa, garante ao i que esta é uma iniciativa pro bono, que deverá ter continuidade. "A problemática dos incêndios sempre nos sensibilizou e sabemos que a protecção dos bombeiros é uma carência do país", assegura.
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