sábado, 29 de maio de 2010

Portugal precisa preparar-se para a próxima seca

O documento, a que deram o nome de "Declaração de Mirandela" resultou de um simpósio internacional que juntou na cidade transmontana, durante dois dias, estudiosos e decisores políticos para discutirem a gestão de bacias hidrográficas e respostas à escassez de água e secas em futuros climáticos incertos.

De acordo com o presidente da Administração da Região Hidrográfica (ARH) do Norte, António Guerreiro de Brito, a "Declaração de Mirandela" será enviada ao Ministério do Ambiente e tem como propósito contribuir para a adoção de medidas adaptação.

"É antes da seca que temos de fazer o trabalho", disse, lembrando a pior seca dos últimos anos, a de 2005.

"Não correu mal, mas nós não sabemos o que o futuro nos pode fazer passar. É preciso pensar que a próxima seca pode ser pior e temos de estar preparados para isso. A de 2005 foi um bom ensaio, mas todos ainda nos lembramos das dificuldades que passámos", disse.

Os autores da "Declaração de Mirandela defendem que é "preciso reforçar um conjunto de infraestruturas, planos e estratégias que permitam preparar a próxima seca" e apostar também na sensibilização de todos para o problema.

António Guerreira de Brito apontou como exemplo de algumas das medidas a adotar a redução das perdas nos sistemas de abastecimento de água para consumo e a melhoria do uso da água na agricultura.

Os novos planos de gestão das bacias hidrográficas foram também referidos como instrumentos futuros importantes nestas estratégia, embora estejam ainda numa fase inicial de preparação em que serão postos à discussão das populações e diferentes agentes, segundo aquele responsável.

Só na região Norte serão elaborados 874 planos para outras tantas massas de água existentes, nomeadamente a maior bacia hidrográfica que é a do Douro.

Segundo o presidente da ARH- Norte, os planos devem estar concluídos "no próximo ano" no que se refere à definição de objetivos, mas o processo de execução poderá prolongar-se até 2015 e ser prorrogado até 2021, caso a contenção financeira afete a disponibilização de verbas para o investimento que será necessário realizar repartido pelo Estado e privados.

A ministra do Ambiente, Dulce Pássaro, encerrou o simpósio, em Mirandela, reconhecendo que a "variabilidade climática é a maior ameaça do século XXI" e que "a estratégia terá de ser implementar medidas de mitigação e aumentar ações de adaptação".

A governante discursou apenas para a assistência do simpósio, sem prestar declarações aos jornalistas.

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