sábado, 28 de maio de 2011

Portugal é um dos países do mundo com mais meios de combate, garante investigador

O investigador da Universidade de Vila Real Paulo Fernandes afirmou hoje que Portugal é um dos países do mundo com «mais meios de combate» a incêndios florestais, defendendo um maior conhecimento e previsão do comportamento do fogo.

«O nosso problema não é a quantidade de meios que temos, mas é mais o grau de especialização que os nossos meios, humanos como de equipamento de combate, para enfrentar um incêndio florestal. Porque em termos de equipamento, como carros de combate, eu diria que temos mais do que qualquer outro país no mundo», afirmou o especialista.

Paulo Fernandes é professor do departamento de Ciências Florestais da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, instituição que investiga os incêndios de forma contínua desde 1983.

A Fase Bravo de combate aos incêndios florestais começou no dia 15 e prolonga-se até 30 de Junho, envolvendo 6.438 homens, 1.476 veículos e 24 meios aéreos, números inferiores aos de 2010.

O especialista não se mostrou preocupado com a redução de meios e salientou que Portugal, inclusive, tem mais «carros de bombeiros do que os Estados Unidos da América, um país muito maior e onde arde mais».

Só que, em contrapartida, nos EUA há mais de 50 anos que existem equipas de análise, as quais só recentemente começaram a ser criadas a nível nacional. «Não é nada revolucionário ou novo», sublinhou.

Mas é precisamente isso que defende Paulo Fernandes. O docente fala na necessidade de introduzir um «modelo mais especializado» de combate. «Basicamente todas as decisões importantes num incêndio florestal, de táctica e estratégia, deveriam ser ditadas pelo conhecimento e pela antevisão do comportamento do fogo: para onde vai, com que intensidade, quanto tempo vai demorar a chegar a um determinado local. Isso cá é completamente ignorado», frisou.

Paulo Fernandes diz que no fundo seria aplicar «conhecimento que já se foi desenvolvendo ao longo dos anos».

Explicou que actualmente o modelo de combate a incêndios «é mais de protecção civil do que protecção florestal». «Muitas vezes o que se faz é basicamente proteger as infra-estruturas e as casas. Os meios ficam nas estradas à espera do fogo», sublinhou.

Este não é, segundo salientou, um problema «só português». No entanto, sublinhou que se nota muito no país devido à inexistência de mais equipas especializadas no combate aos fogos florestais.

Paulo Fernandes ressalvou os avanços que já se verificaram com a criação das equipas de sapadores florestais, dos bombeiros canarinhos e do Grupo de Intervenção de Protecção e Socorro (GIPS) da GNR.

Quanto a previsões para este ano, o investigador salientou que «aquilo que arde é muito influenciado pelas condições meteorológicas imediatas» e referiu que os «grandes problemas» ocorrem quando «há uma coincidência de um período de seca prologado com condições meteorológicas extremas».

Algumas estimativas para a área ardida em 2011 em Portugal Continental apontam para os 107 e 240 mil hectares se as condições meteorológicas forem «normais» (médias), se forem extremas aponta-se para uma previsão entre 172 e 395 mil hectares.
Lusa/SOL

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